Cotidianamente tornam-se mais frequentes os diagnósticos de câncer. Mediante a esta intercorrência, surge à necessidade de um estudo mais aprofundado sobre os fatores emocionais e a patologia do câncer.
Denota-se que o corpo adoece na tentativa de pedir socorro, grita dizendo que algo não está indo de acordo com as estruturas psíquicas da pessoa, com aquilo que ele poderia suportar, para tanto, dá seu alerta simbolizando o sofrer num adoecer psicossomático.
O corpo humano funciona como “um palco de emoções”, adoecendo como forma de punir-se ou proteger-se de traumas psíquicos. O corpo é dotado de um complexo e intrigante sistema imunológico, que luta com todas as forças para proteger o organismo de tudo aquilo que lhe é estranho e nocivo.
Dentro deste contexto a psicossomática surge como o estudo das relações mente-corpo com ênfase na explicação psicológica da doença somática. O câncer é uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado de células aberrantes, crescimento autônomo, desordenado e incontrolado de células que ao alcançarem certa massa, comprimem, invadem e destroem os tecidos normais vizinhos.
É primordial ressaltar que as exigências sociais e psicológicas parecem cada vez mais associadas ao desenvolvimento do câncer. A habilidade do ser humano em lidar com estresse e as exigências cotidianas da vida parecem ser de suma importância para o não aparecimento de patologias, em específico a do câncer.
Diante da grande demanda de pacientes acometidos pelo câncer, surge à necessidade de ser realizado um estudo onde possa compreender um pouco mais acerca do quanto os fatores psíquicos conseguem influenciar o corpo.
Esta pesquisa foi efetivada em 2013, quando da conclusão do curso de graduação em Psicologia, onde in loco foram entrevistadas, através de uma escuta psicológica, pacientes acometidos pelo câncer, objetivando identificar fatores psicossomáticos, influências do histórico de vida e das doenças cronológicas familiares no desenvolvimento da patologia.
Dos resultados das entrevistas, denota-se que na exploração dos sintomas psicossomáticos nos pacientes oncológicos entrevistados, encontrou-se correlação principalmente com óbito de ente querido (pai, mãe ou irmãos) em alguma fase do desenvolvimento, brigas no ambiente familiar ou divórcio. Estas situações de perda real desencadearam sentimentos intensos como choro, mágoa, revolta, estresse ou depressão. Sabe-se que o uso excessivo dos mecanismos de defesa de negação e da repressão bem como dissimulação dos sentimentos são fatores ligados ao desenvolvimento tumoral, destarte, o surgimento do câncer correlaciona-se a uma propensão à melancolia.
Os principais resultados obtidos apontam para existência da patologia do câncer como doença cronológica familiar, onde se identificou uma predisposição genética em 86% dos entrevistados. Destarte, existe uma correlação de pessoas acometidas com câncer que possuem familiares que também tiveram a patogênese. Denota-se que a condição do meio onde o ser humano vive, faz com que a programação dos genes seja cumprida, assim sendo, a doença brota na influência mútua da pessoa com o meio.
Outro item crucial identificado foi que o histórico de vida arraigado a experiências emocionais desagradáveis, como estresse, depressão, medo, mágoa, revolta, tristeza e choro, com o desenvolvimento de reações negativas, tornam mais prováveis para que surjam certas doenças relacionadas ao sistema imunológico. Estas experiências negativas afloraram em virtude da perda de algum ente querido, divórcio, brigas ou de uma perda real em fases do desenvolvimento da vida.
Nessa perspectiva, pode se concluir que o câncer é desenvolvido por questões genéticas, fragilidade do sistema imunológico e pela dificuldade do ser humano expressar seus sentimentos, esta não externalização faz com que a pessoa guarde seus sentimentos e emoções ruins, de tal forma que genericamente implodem para dentro do organismo.
Falar dos sentimentos e emoções, principalmente em situações de perda real, é crucial para a saúde mental e física, portanto, denota-se o quão importante é o acompanhamento junto ao profissional psicólogo. A psicoterapia é um fator crucial para a busca do contato com seu self, objetivando uma maior capacitação psicológica para lidar com o físico e o emocional.